Educação: MEC abre-se, enfim, às inovações…

Captura de tela de 2015-09-08 19:15:00

No Céu Heliópolis, participantes da Conane acompanham lançamento do projeto que mapeará educação inovadora

 

 

 

 

 

 

 

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Em conferência nacional sobre alternativas educacionais, assessora especial do ministério anuncia mapeamento das ações que tentam superar crise do ensino por caminhos não tradicionais

Por Tathyana Gouvêa

Uma nova educação é possível? Para os mais de 500 educadores que participaram, entre 5 e 7 de setembro, em São Paulo, da Conferência Nacional de Alternativas para Educação (Conane) a resposta é sim. Mas grande parte das famílias e professores do país não conhece alternativas às escolas com cadeiras enfileiradas, provas e aulas de 50 minutos.

Por isso, vale acompanhar com atenção os desdobramentos de uma iniciativa inédita no Brasil. No encerramento da Conane — realizada emblematicamente no CEU Heliópolis (veja uma fala de seu idealizador, Braz Nogueira), a socióloga Helena Singer, assessora especial do ministro da Educação, lançou chamada pública para que Escolas e Organizações Educativas participem do programa de fomento à inovação e criatividade na educação básica. A ação visa, segundo o site do ministério, “mapear e caracterizar as intervenções inovadoras que ocorrem em nível local, por iniciativa de escolas, comunidades ou outras organizações educativas”. Faz parte do Programa de Estímulo à Criatividade em Educação Básica que, visa não apenas identificar as inovações, mas criar formas de divulgá-las e difundi-las.

A chamada pública é a primeira iniciativa de levantamento por parte do governo. As inscrições para participar podem ser feitas pela internet: http://simec.mec.gov.br/educriativa/.

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2 comentários para "Educação: MEC abre-se, enfim, às inovações…"

  1. Arthur soares disse:

    Que se renove o nosso ensino básico tendo como princípios a educação libertadora de Paulo Freire!

  2. rogerio campos disse:

    É importante registrar esse passo à frente, mas não é suficiente. É preciso ir ao ponto que estrangula a educação básica e que, se não for enfrentado, limitarão os efeitos das inovações, por mais importantes que sejam, sobre o conjunto da educação destinada à “formação do cidadão”.
    Trata-se de criar, de fato, uma experiência de educação pública “para tod@s”, na sociedade brasileira. A própria nomeação de “quem pode participar” indica o fracionamento da experiência de formação do cidadão na sociedade brasileira: nas escolas públicas não estão tod@s, mas apenas os mais pobres e os que não possuem as condições econômicas para fugir dela; nas escolas privadas onde ocorrem inovações, estão os setores mais ricos da população, a classe média de altos salários ou rendimentos e a os grandes empresários, banqueiros, fazendeiros etc. Esse público não tem contato na escola, suas experiências em termos de conteúdos, currículos, desempenho, além da qualidade dos equipamentos escolares (incluídos prédios escolares e seus entornos, tecnologias de ensino, mobiliário, etc etc) são demasiadamente distintos para que a qualidade seja comum aos seus públicos – um pressuposto para a formação de cidadãos nas mesmas condições de direitos, como pretende a sociedade brasileira.
    Enquanto esses públicos não forem unidos as inovações, por mais interessantes que sejam, não poderão se generalizar para a educação básica (infantil, ensino fundamental e médio) no Brasil.
    E já há uma história de instituições escolares de responsabilidade estatal cujas experiências não são sistematizadas para servir de base para se criar uma escola pública digna deste nome entre nós. Neste caso, referindo-se apenas às experiências sob responsabilidade do Estado houve entre nós, os colégios públicos de referência como o sempre referido e pouco estudado Pedro II, no Rio de Janeiro, Caetano de Campos, em São Paulo, Estadual Central em Minas Gerais e na Bahia, assim como outros semelhantes em quase todos os estados; houve as colégios de aplicação, ligados às universidades federais que foram duramente reprimidos e desapareceram durante a ditadura, cuja memória persiste aqui e ali; algumas dessas experiências, ou delas derivadas, como o atual Colégio Técnico da UFMG, utilizando desde sua fundação um sistema de cotas socioeconômicas, que possibilitaram a convivência de estudantes originários de distintos estratos socio-econômicos numa experiência comum, conforme a utopia da escola pública, para todos; Os colégios vocacionais, experiência ocorrida no setor público do Estado de São Paulo, também interditado pela ditadura, cuja memória se expressa em livros e documentários exibidos aqui e ali, mas não retomados seriamente pelas políticas educacionais. Mais remotamente, as experiências das Escolas Parque, de Anísio Teixeira e os CIEPS, animados por Darcy Ribeiro.
    Estas, como outras, muitas vinculadas às experiências de Educação Popular, são pontos importantes para pensar, em condições econômicas, históricas e políticas muito distintas, alternativas.
    Mas, se a base não for juntar tod@s as brasileir@s numa mesma escola (o que os países do Ocidente europeu fizeram pelo menos desde o século XIX, e Argentina, Uruguai e Chile fizeram no século XX), as inovações constituirão sempre boas ideais isoladas em algumas experiências locais de uma outra escola, proposta pedagógica, sem potência para se estender a todo o sistema educacional.
    Enquanto persistir a divisão escola estatal (a que, por ignorância ou má fé, são chamadas de “públicas” no Brasil), destinada aos pobres e escola privada para os mais abastados, as inovações que existem e existiram no passado, não terão a importância que se poderia esperar delas.

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