São Paulo corre para organizar Primavera Tupinambá

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Alguns consideram-nos extintos. Ainda assim, resistem e exigem direitos. Querem vir à maior cidade do país, falar de suas lutas. Precisam de apoio 

Pelo Grupo de Trabalho em favor do Povo Tupinambá

“A história da luta do Povo Tupinambá por suas terras e tradições, como de todos os índios brasileiros, remonta à invasão portuguesa ao Brasil, em 1500. Neste processo, os Tupinambás foram historicamente e sistematicamente perseguidos. Tornou-se comum ler e ouvir que, como povo, não existem mais.

No entanto, mesmo com as tentativas de extermínio, os Tupinambás continuam a existir através de diferentes formas de vivências — e não abandonaram o seu território em Olivença, no sul da Bahia. Resistiram aos portugueses, ao poder dos grandes proprietários e à atuação quase sempre violenta do Estado. Um exemplo foi a chamada Revolta do Índio Caboclo Marcelino, entre as décadas de 1920-1940, contra o processo de espoliação. Na década de 1980, novamente a resistência Tupinambá ganhou maior visibilidade, com muitas pessoas valorizando seu sangue e sua alma indígena, retornando a suas terras e a seus parentes. Esta resistência foi um dos elementos fundamentais no processo de Reconhecimento Étnico, em 2002, e da Demarcação Territorial, em 2009.

Entretanto, a demarcação até hoje não foi homologada, e isso agravou o processo de difamação, perseguição e repressão que pesa sobre os índios. Decisões judiciais atribuindo território aos brancos tentaram desmanchar comunidades inteiras; diversos índios são presos e até mesmo mortos por resistirem. O auto-reconhecimento étnico passou a ser ainda mais perigoso. Parece mesmo que a situação não muda quando envolve os direitos indígenas.

Para combater essa violência, a comunidade criou, em 2009, o  Seminário Internacional Índio Caboclo Marcelino. Em 2015, chega a sua sétima edição. O evento, que ocorre nas aldeias tupinambás de Olivença, promove troca de saberes entre diversos Povos indígenas e não-indígenas solidários à luta.

Este ano, além do evento tradicional, que ocorrerá entre os dias 23 à 28 de setembro, haverá uma novidade: a Etapa Paulista do seminário. Devido ao grande contingente de apoiadores da luta tupinambá na cidade de São Paulo, faremos, na capital paulista, uma série de atividades de troca de saberes, confraternizações e manifestações. Isso ocorrerá entre os dias 27 de agosto e 7 de setembro de 2015.

Quinze lideranças do povo tupinambá de Olivença virão São Paulo. Um primeiro grupo de pessoas que apoia sua luta já está colaborando na preparação e divulgação deste trabalho, mas ainda é preciso obter recursos para assegurar o transporte, alimentação e estadia desses guerreiros.

É por isso que se criou a campanha de financiamento coletivo Primavera Tupinambá. Temos pouquíssimos dias pra tornar possível esse evento em São Paulo e precisamos da ajuda de todos. A mobilização se faz pelo site Benfeitoria, na página: www.beta.benfeitoria.com/primaveratupinamba. Contribua com a nossa causa e venha participar das nossas atividades. Os Tupinambás têm muitas histórias pra contar.”

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