Se esta rua, se esta rua fosse nossa…

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Na véspera do Dia Mundial Sem Carros, coletivos que agem pelo Direito à Cidade em SP tentam ocupar Avenida Paulista e abrir suas pistas para seres humanos

Por Carolina Gutierrez

“Será Avenida Paulista, em homenagem aos paulistas”, declamou Joaquim Eugênio de Lima, engenheiro uruguaio, responsável pela construção da via, que hoje, diferente do projeto inicial, é um dos principais centros financeiros da capital.

A avenida, inaugurada em 8 de dezembro de 1891, tinha entre seus objetivos o aumento da área residencial e a descentralização do crescimento urbano. A ideia inicial era abrigar paulistas que desejavam ter seu espaço na cidade. O público para essa nova área era formado principalmente por barões do café cafeeiros, os quais construíram seus palacetes na primeira via asfaltada da Pauliceia.

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Hoje, Joaquim Eugênio de Lima virou travessa; os casarões, bancos; o asfalto, pista de corrida; o calçadão, outrora símbolo da cidade, passagem; o MASP… tentaram fechar o vão do MASP!

Porém, engana-se quem acredita que a Paulista não é mais aquela. Constantemente o povo de São Paulo recobra o espaço que lhe é de direito e volta à velha avenida, que anualmente é palco de uma das maiores paradas gay do planeta. Para muitos, ela é o ponto de encontro (e apoteose) de manifestações, bicicletadas, feira de antiguidades, festa de ano novo, patins, skate, vagas vivas… a Paulista de hoje têm até horta e shows do Elvis Presley. E os paulistanos querem mais.

Ocupação da Paulista

Ocupação da Paulista

E se? E se a Paulista fosse nossa? Com esse mote, o coletivo SampaPé propõe a ampliação dessas atividades, em um momento simbólico de debate e transformação que passa a avenida com o projeto de ciclovia, proposto pela prefeitura de São Paulo. No próximo domingo, dia 21/09 (véspera do Dia Mundial sem Carros), diversos coletivos de direito à cidade vão ocupar a Paulista com atividades, oficinas, shows, rodas de conversa, piqueniques etc. A proposta é fechar as vias para os carros e abri-las para as pessoas.

Realizado pela primeira vez no dia 22 de setembro de 2013, este ano o movimento já ensaiou duas ocupações: em 7 e 14 de setembro. Para Letícia Sabino, idealizadora do SampaPé e uma das organizadoras do movimento, a ideia é inerente (porém adormecida) a todos paulistanos: “aposto que qualquer pessoa sonha com isso. Basta ver a recepção das pessoas às ocupações que já realizamos e às atividades que já acontecem na avenida. Percebemos uma quebra na correria e no entendimento das ruas somente como lugar de passagem. Existe um choque… Quem são esses? E quando contamos os planos, elas se encantam, apoiam e contam experiências que tiveram quando eram crianças e fechava-se algumas quadras para possibilitar a brincadeira de rua”.

Para Renata Minerbo Strengerowski, idealizadora do coletivo Acupuntura Urbana, “as pessoas em algum momento esqueceram que a cidade é delas, que podem fazer muitas coisas, curtir os espaços e equipamentos públicos, e que isso pode ser legal. Aliás, precisa ser legal, porque se forem convidadas a participar de algo chato e cansativo, dificilmente conseguiremos atingir os objetivos”.

Tanto para Letícia quanto para Renata, o fato de a ocupação acontecer em um dos pontos mais importante e conhecido da cidade trás força para o movimento. “O que mais inspira as pessoas é o exemplo, não o discurso. Temos que agir e mostrar na prática como pode ser divertido e como é importante pensarmos na cidade”, explica Renata.

Arte na Paulista

A fala de Renata ganha concretude a cada domingo. O movimento cresce e ganha adeptos semanalmente. Pessoas, moradores e coletivos como o Mobilize Brasil, Acupuntura Urbana, Aromeiazero, Atados, Bela Rua, Bike Anjo, Boa Praça, Café na Rua, Cidade Ativa, Cidade Democrática, Corrida Amiga, Conexão Cultural, Rodas de leitura, Imargem, Instituto Saúde e Sustentabilidade, Instituto Mobilidade Verde, Movimento 90 Graus, Virada Sustentável, Walking Gallery, dentre outros, já engrossam o coro.

A simpatia e apoio ao movimento pode ser feito também nas vias digitais. Qualquer um pode querer e exigir que a Paulista seja nossa. Letícia, com o apoio da plataforma de mobilização aberta e autônoma Minha Sampa, desenvolveu uma campanha onde qualquer pessoa pode pressionar, via a ferramenta Panela de Pressão, o prefeito Fernando Haddad e o secretário municipal de transportes Jilmar Tatto. A ideia é fazer com o poder executivo municipal atenda ao pedido de fechamento da Paulista aos domingos, das 7 às 16h. É só clicar aqui.

E se as ruas são para dançar, como propõe (e faz!) o festival Baixo Centro desde 2012, fica a possibilidade: e se… as ruas fossem (todas) nossas? Elas são!

Programação:

– Tendas para relaxar e cadeiras de praia- Conexão Cultural, Café na Rua e Acupuntura Urbana

– Rodas de Leitura – Rodas de Leitura

– DJ – Chico Tchello

– Cordas e Bambolês para brincar

– SampaPé! e Minha Sampa

– Bolhas de Sabão Gigante- SampaPé

– Amarelinha na Calçada – Minha Sampa

E se a Paulista fosse nossa?

Data: 21/9 (domingo)

Horário: das 10h às 18h

Ponto de encontro: Na frente do casarão Franco de Melo, na Av. Paulista, 1919.

Confirme sua presença e espalhe para os amigos: http://bit.ly/seapaulistafossenossa

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