Outras Palavras entrevista Guilherme Boulos, líder do MTST

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Diálogo, às 14h de hoje (5/6), via webTV, abordará papel da multidão, na luta pelo Direito à Cidade. Iniciativa inaugura série de programas sobre temas contemporâneos, em parceria com Estúdio Fluxo

Por Antonio Martins | Imagens: Midia Ninja

Algo mudou radicalmente, nas últimas semanas, nas manifestações que questionam a Copa do Mundo. Um novo sujeito político entrou em cena: os trabalhadores sem-teto. Agora, os protestos já não reúnem centenas de pessoas — mas dezenas de milhares. Todos mostram o rosto. Não há cenas de violência egoica. Quem revela sua potência é a multidão. Ontem, 25 mil pessoas circularam a Arena Corinthians, onde começará, em uma semana, o grande torneio de futebol. “O recado está dado”, avisaram: “exigimos que os governos aceitem nossas reivindicações; do contrário, as ruas nos esperam de braços abertos nos próximos dias e semanas”… A PM não ousou provocá-los.

Articuladas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), as novas mobilizações distinguem-se das anteriores também por irem além do protesto. Acampados em diversas áreas de São Paulo, antes reservadas à especulação imobiliária (numa delas, a Nova Palestina, há 30 mil moradores), os manifestantes fazem três reivindicações claras. Querem o controle público dos preços de alugueis, para frear as altas incontroláveis dos últimos anos. Exigem o fim dos despejos forçados — com instalação, na secretaria especial de Direitos Humanos do governo federa, de uma Comissão de Acompanhamento, com participação direta dos movimentos sociais. Pressionam por mudanças-chave no programa Minha Casa Minha Vida: construções dignas, próximas do centro das cidades, realizadas sempre que possível por cooperativas, e não mega-empreiteiras. Pontuais e pragmáticas na aparência, as propostas, se alcançadas, mudarão os ares de um ambiente urbano hoje marcado por elitismo, segregação social, onipresença do dinheiro e das relações mercantis.

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Professor de Filosofia formado pela USP, com especialização em  Psicanálise, Guilherme Boulos é coordenador nacional do MTST. Outras Palavras vai entrevistá-lo esta tarde (a partir das 14h) em São Paulo, com transmissão ao vivo por webTV (acessivel neste mesmo post). O diálogo abre novo esforço editorial. Voltados ao texto escrito, queremos explorar também as possibilidades do vídeo. Vamos começar a fazê-lo numa série de entrevistas, por meio das quais abordaremos temas centrais da conjuntura brasileira.

O diálogo com Boulos marca, também, uma nova parceria: será produzido em conjunto com o Estúdio Fluxo. Recém-lançado pelo jornalista Bruno Torturra (e instalado no Vale do Anhangabaú, coração de S.Paulo), o Fluxo tem produção própria de relevância e qualidade notáveis. Abre-se, além disso, a projetos compartilhados — algo em sintonia com a vocação de Outras Palavras. Resgatar o jornalismo, numa era de decadência dos velhos jornais, exigirá esforço, compartilhamento e colaboração. Queremos dar mais um passo a partir de hoje.

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Um comentario para "Outras Palavras entrevista Guilherme Boulos, líder do MTST"

  1. Esdras Pereira Alves Neto disse:

    Vamos todos assistir a entrevista e analisar o ponto de vista do entrevistado. Acredito eu que será muito interessante.
    Oro com que se a Presidenta Dilma for reeleita, acate essas reivindicação e sensibilize para tomar as devidas providências para esse pessoal. E acho também que será uma oportunidade política muito grande em termos de manifestações de rua. Então: Vamos todos para rua.

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