África do Sul: CNA deve superar morte de Mandela

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O presidente Jacob Zuma (à direita), ao lado de Nelson Mandela

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Nas eleições gerais de 7/5, partido que liderou luta anti-apartheid pode perder parte do eleitorado — mas manterá provavelmente presidência e participação do país no BRICS 

Por Nicolas Chernavsky, editor do culturapolitica.info

O Congresso Nacional Africano (CNA), partido de Nelson Mandela, possivelmente vencerá as eleições gerais no próximo dia 7 de maio. Mas a tendência histórica, especialmente após a morte do líder anti-apartheid, é uma diminuição na porcentagem de votos da agremiação. Essa queda não tem necessariamente como causa o desempenho do CNA no governo, mas sim o fato do sistema eleitoral do país ser parlamentarista por voto proporcional. Nesse sistema, é raro que um único partido obtenha, em quatro eleições seguidas, mais de 60% dos votos. Se o CNA alcançou o feito, foi graças a fatores excepcionais: júbilo prolongado pelo fim do “apartheid” e a existência de um líder muito carismático.

É muito difícil prever quando, e com que intensidade, o CNA começará a perder força eleitoral. Isso não significará, necessariamente, que a política do país ficará menos progressista. Pode indicar que os setores mais progressistas estarão se repartindo em vários outros partidos. Quanto às eleições do próximo 7 de maio, o atual presidente, Jacob Zuma, tem grandes possibilidades de continuar mais cinco anos no cargo. O país tem um parlamento bicameral, no qual é a câmara baixa que escolhe o presidente. Ela é composta de 400 representantes e, além de escolher o presidente, tem ligeiramente mais poder no processo legislativo que a câmara alta, com 90 cadeiras.

A África do Sul tem cerca de 53 milhões de habitantes e 1,22 milhão de km². O país faz parte do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), grupo de países que exerce importância geopolítica cada vez maior e tende a desafiar o conceito de “Ocidente” — que o Oeste da Europa e nações anglo-saxãs como EUA e Canadá atribuem a si próprios, desprezando América Latina e parte considerável da África.

A democracia da África do Sul repercute em todo o continente. Ela dá suporte a processos de consolidação democrática em muitos países africanos. Isso sem falar no papel importantíssimo da África do Sul na construção e fortalecimento da União Africana, entidade que permite que a África, apesar de seus países individualmente ainda terem pouca influência mundial, consiga, unida, ter uma voz crescentemente influente na política mundial.

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