Banksy: agora contra o Estado de vigilância?

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Surge misteriosamente, na cidade-sede dos serviços de espionagem britânicos, um sugestivo grafite. Mercado de arte se alvoroça com artista anti-mercado…

Por Gabriela Leite

Um novo grafite do artista inglês Banksy parece ter aparecido na cidade de Cheltenham, no Reino Unido. A pintura retrata três agentes do serviço de inteligência britânico escutando as chamadas de uma cabine telefônica, ligados a um satélite. O local não foi escolhido ao acaso: Cheltenham, cidade de cerca de 110 mil habitantes e a 150 quilômetros a noroeste de Londres, é sede do Quartel General das Comunicações do Governo inglês (Government Communications Headquarters, ou GCHQ), serviço responsável pela espionagem nas comunicações e fornecedor de informações sobre os cidadãos ao Estado e forças armadas.

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A autoria da obra ainda não foi confirmada por Banksy, pseudônimo do um artista britânico cuja identidade permanece incógnita — mas que é conhecido mundialmente por sua arte de rua. Seus stêncils (técnica de grafite feita com desenhos recortados em máscaras e gravados com spray) satirizam a sociedade capitalista, consumista e violenta e começaram a aparecer pelas ruas de Bristol e Londres nos anos 90. A mais recente, com os agentes da GCHQ — equivalente da norte-americana NSA no Reino Unido –, expõe a indignação com a espionagem em massa de cidadãos, por parte dos governos e empresas, que foi revelada nos últimos anos.

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“Kissing Coppers”, vendida por €418.000 em leilão

Diversos artistas e galeristas já visitaram o local, e especulam que o grafite seja mesmo de Banksy — por isso, “muito valiosa”. As obras do grafiteiro valem cada vez mais no mercado de arte, assim como a arte de rua em geral. Um pedaço de parede com uma de suas pinturas famosas, Kissing Coppers, foi vendido recentemente por 418 mil euros (pouco menos de 1,3 milhões de reais). Mas o próprio artista, cuja identidade real ainda é desconhecida, zombou também de tal mercado: em 2013, vendeu suas obras originais por 60 dólares em uma feira no Central Park, em Nova York. Na ocasião, seus stêncils não foram reconhecidos e apenas sete quadros foram vendidos.

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