EUA: a misteriosa supressão de informações sobre tortura

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Um senador pede a Obama que deixe de censurar relatório sobre práticas da CIA. E acusa agência de chantagear próprio Legislativo

Por Conor Friedersdorf, no The Atlantic | Tradução: Cibelih Hespanhol

O presidente dos EUA, Barack Obama tem se empenhado a manter sigilo sobre tortura cometida pela CIA contra prisioneiros. Isto está evidente no fato de um relatório de 6 mil páginas do Comitê de Inteligência do Senado sobre o tema, segue suprimido, mesmo passados quinze meses desde produzido, a custo de 40 milhões de dólares. E fica ainda mais evidente se analisarmos uma carta escrita por um membro do comitê, Senador Mark Udall, tendo como destinatária a Casa Branca. Suas afirmações são chocantes.

Udall reivindica a liberação do relatório para o público, da forma mais completa e rápida possível. E também mostra-se interessado em um específico relatório da CIA, que trate do caso de tortura de prisioneiros. Sua carta sustenta os seguintes pontos:

  • Muitas das informações já dadas ao público sobre o programa de tortura da CIA, assim como sua gestão e eficácia, são “enganosas e imprecisas”
  • O próprio governo Obama retirou de sigilo e permitiu a circulação de informações sobre tortura que “contêm caracterizações imprecisas sobre os programas da CIA”.
  • A revisão interna da CIA sobre seu programa de tortura contradiz o que foi dito ao comitê de supervisão.

Finalmente, e talvez mais alarmante, Udall assim escreve de forma enigmática a Obama: “como vocês sabem, a CIA tomou recentes medidas sem precedentes contra o Comitê, em relação à sua revisão interna, e eu considero essas ações extremamente preocupantes, para o controle de segurança do Comitê e para nossa democracia”.

O que significa para a CIA tomar “medidas sem precedentes” sobre os órgãos parlamentares que deveriam supervisioná-la?

Quando Udall diz ao presidente que está ciente de que compartilham “um compromisso com a transparência e o Estado de direito”, claramente dá muito crédito a Obama. Nos casos de tortura, Obama violou a lei. E seu compromisso com a transparência é ilusório – na verdade, ele acumulou um péssimo histórico neste quesito.

Mas Udall está certo ao dizer que “o povo americano merece uma adequada e precisa contabilidade sobre a história, gestão, operação e eficácia do programa de detenção e interrogatório da CIA”. Continua sendo absurdo, no entanto, que Obama mantenha a permissão de que a agência exposta no relatório possa continuar a suprimi-lo.

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