Outro turismo também é possível

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Ao invés de hotéis convencionais e relações intermediadas por dinheiro, redes propõem hospedagem rural gratuita, em troca de trabalho e com vasto intercâmbio cultural

Por Taís Gonzalez

Em poucas atividades humanas, a mercantilização é tão empobrecedora quanto no turismo convencional. A experiência cultural e o prazer que poderiam desenvolver-se a partir do contato com outras geografias, etnias, idiomas, formas de estar e ver o mundo é esterilizada pela intermediação onipresente do dinheiro. Hotéis quase sempre padronizados procuram reproduzir a atmosfera de conforto burocrático a que o visitante está acostumado em sua cidade de origem. Tours levam sempre aos mesmos “cartões postais”. O diálogo com a população local limita-se à compra e venda de objetos. As consequências ambientais da criação de infra-estruturas turísticas são frequentemente dramáticas.

Uma alternativa a esta roda-viva está se popularizando com rapidez, nos últimos anos. É barata e promove trocas culturais intensas. São as hospedagens em fazendas alternativas e ecológicas, promovidas por redes como a Wwoof (sigla em inglês de Oportunidades Mundiais em Fazendas Orgânicas), Growfood, WorkAway e Helpx. Por meio delas, o visitante hospeda-se de graça em propriedades rurais (quase sempre cooperativas) que rejeitam o conceito de agribusiness. Retribui-se com trabalho, também enriquecedor. Convive-se. Há destinos assim em dezenas de países do mundo, inclusive o Brasil.

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Não é, propriamente, uma novidade. A Wwoof, pioneira, surgiu na Inglaterra, em 1971, quando Sue Coppard, uma secretária londrina, passou a dedicar parte de seu tempo à tarefa de colocar alguns amigos em contato com uma fazenda biodinâmica em Sussex. A moda pegou, e em alguns anos surgia a Willing Workers on Organic Farms (Trabalhadores Voluntários em Fazendas Orgânicas). Como as autoridades migratórias (e certos sindicatos) de alguns países alegavam competição com trabalhadores locais, o nome da rede foi mudado.

Mas foi após a internet que a iniciativa ganhou asas: tornou-se possível buscar hospedagem do gênero em qualquer parte do mundo. Surgiram novas redes.

Para fazer parte da Wwoof [veja suas iniciativas no Brasil], basta inscrever-se no site, pagando uma anuidade, escolher seu destino e entrar em contato com os possíveis anfitriões. Você determina o tempo que quer ficar. A maioria das fazendas pedem que permaneça ao menos uma ou duas semanas, mas é possível conversar a respeito.

O tipo de trabalho também depende do local, mas você poderá colher uvas, aprender sobre culturas orgânicas, ajudar a montar um sistema de irrigação. O tempo de trabalho pode variar de seis a oito horas. O mais importante é certificar-se com os proprietários, de antemão, quantas horas você terá que contribuir por dia. E, claro, tomar as mesmas precauções que normalmente levaria se ficar com estranhos.

Outras redes:

Growfood – Semelhante a WWOOF, Growfood tem como missão treinar uma nova geração de agricultores sustentáveis.

Workaway – Criada para promover uma melhor compreensão cultural em todo o mundo, colocando viajantes de baixo orçamento em contato com organizações e indivíduos à procura de uma mão amiga.

HelpX – Lançado em 2001 o site lista fazendas, pousadas, albergues e outros tipos de acomodações que procuram voluntários de curto prazo em troca de refeição e alojamento.

CouchSurfing – (CS) é um serviço de hospitalidade urbana, com base na Internet com o objetivo de oferecer intercambio entre pessoas e culturas diferentes. Em 2012 o projeto atingiu a marca de 1 milhão de membros em mais 180 países e territórios.

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2 comentários para "Outro turismo também é possível"

  1. Felipe disse:

    Ótimo saber sobre essa opção, Taís. Obrigado

  2. Gostei muito e estou interessada.

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