Glass: Google começa a detalhar seu mais novo aparato

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Empresa anuncia que não permitirá publicidade nos óculos-computadores. Notícia é bem-vinda, mas responde apenas parte dos questionamentos ao produto

Por Gabriela Leite

Surgiram ontem informações adicionais sobre uma das novidades tecnológicas mais relevantes — e polêmicas — dos últimos anos. O Google anunciou que os glasses, seus óculos-computadores que “enxergam” a paisagem e oferecem informações em tempo real aos usuários, não aceitarão publicidade, ao menos num primeiro momento. Embora bem-vinda, a revelação foi recebida com ceticismo, por conhecedores das práticas comerciais da empresa, e com críticas, entre alguns de seus parceiros. 

As definições são importantes devido ao grande impacto cultural, social e mesmo político dos glass. Os computadores “de vestir” são dispositivos que, acoplados à orelha e aos olhos do usuário, irão conectá-lo à internet e atenderão comandos de voz — dispensando, portanto, qualquer tipo de teclado. Além de fornecer a localização precisa, poderão responder a consultas (sobre um trajeto, restaurantes próximos, a localização de uma seção específica, numa livraria, por exemplo). Em desenvolvimentos futuros, talvez possam identificar pessoas próximas e, ao fazê-lo, oferecer informações sobre elas, captadas nas redes sociais (veja imagem a seguir e leia nosso texto sobre o avanço tecnológico que os torna viáveis e suas implicações sociais).130416-glassAs preocupações mais importantes lançadas a respeito do glass dizem respeito a privacidade e controle de informação. Quem definirá o que estes computadores, em contato tão próximo com a mente de seus usuários, oferecerão a eles? Que ocorrerá se os administradores do sistema glass privilegiarem certos conteúdos (por razões comerciais ou políticas), em prejuízo de outros? Por isso, as decisões sobre propaganda são tão importantes — embora não as únicas.

No anúncio feito ontem, o Google anunciou que os desenvolvedores de aplicativos para o glass não poderão incluir publicidade em seus programas. Parece sensato. Por produzir “realidade aumentada”, uma tecnologia que projeta imagens virtuais no mundo real, a ideia de vestir um aparelho que impõe propagandas bem diante dos olhos do usuário (veja como o glass finciona) parece incômoda.

Mas nem todos gostaram da notícia. Em torno do Google, gravitam milhares de desenvolvedores. São empresas ou indivíduos que produzem “aplicativos” — programas complementares aos da grande corporação —  e ganham dinheiro com isso. Sua receita vem justamente da publicidade e da venda dos programas, ambas banidas do Google Glass. Será um desafio para quem deseja participar da criação de novas tecnologias — ou um desincentivo, para alguns desenvolvedores. Especula-se também, entre tantas coisas, que o Google não quer participação no desenvolvimento de sua nova aposta tecnológica.

Porém, a publicidade é fonte de 95% de toda a receita do Google. Por isso, no polo oposto ao dos desenvolvedores, alguns analistas céticos estão se perguntando quanto tempo esta restrição pode durar.

O Glass será lançado nos próximos meses, segundo o Google. Se for bem aceito, certamente transformará comportamentos e a maneira como as pessoas se relacionam com o local onde estão, como veem privacidade e se comunicam com o resto do mundo. Outras novidades anunciadas sobre o aparelho são a definição de sua câmera acoplada (com 5 megapixels de definição), da conexão com a internet (via Wi-Fi e Bluetooth e 12Gb) sua memória interna, ligada à “nuvem” (memória virtual disponibilizada online). Para tentar vislumbrar como será a sensação de vestir o Google Glass, acesse seu site.

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