Rússia: surge um novo movimento estudantil

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“The Nation”  relata ocupação de uma universidade em Moscou e sugere que movimentos semelhantes poderão se espalhar, nos próximos meses

Num momento em que ressurgem sinais de mobilização estudantil na Europa [veja texto sobre Universidade de Essex], vale a pena lançar os olhos também para a Rússia. Um dos blogs da revista norte-americana The Nation relatou, em 22/2, o que seria “o exemplo mais visível de ativismo [estutantil] em muitos anos”. Trata-se de uma moblização curta, porém expressiva, que sacudiu em dezembro passado a Universidade do Estado Russo para Comércio e Economia (RGTEU, em russo).

Foi uma resposta à “reforma” educacional comandada pelo presidente Vladimir Putin. Em meados do ano passado, ele anunciou, em conjunto com o ministro da Educação e Ciência, Dmitry Livanov, que era preciso, em nome da eficiência, reduzir em 20% o número de universidades; e em 30%, o de campi universitários. Seriam visados, em especial, os que não se adequassem a critérios como receita total, número de estudantes, desempenho dos mesmos, volume de pesquisas, relação entre área ocupada e número de alunos e percentual de estrangeiros matriculados.

Segundo Bóris Kagarlitsky, diretor do Instituto de Globalização de Movimentos Sociais (um think-tank progressista em Moscou), a medida expressa, porém, um retrocesso. O governo não estaria mais disposto a manter o padrão de acesso ao ensino herdado do período soviético. Hoje, 54% dos russos entre 25 e 64 anos têm grau universitário, um dos maiores índices em todo o mundo. O fechamento de universidades estaria ligado a um movimento de privatização e cobrança de mensalidades crescentes.

Em novembro, os estudantes da RGTEU ficaram sabendo que sua instituição estava entre as quarenta atingidas (de um total de 541, na Rússia). Deveria, em consequência, fundir-se com outra universidade, o que resultaria em redução do número de professores, das bolsas de estudos e dos serviços universitários.

A mobilização começou imediatamente. Numa fase inicial, tirou proveito do Vkontake, a rede social mais difundida no país. No início de dezembro, resultou numa grande manifestação diante do monumento à Revolução de 1905, em Moscou, (na foto). Em 18/12, uma “Noite na RGTEU” terminou com a ocupação da universidade.

O texto do The Nation lamenta a ingenuidade dos estudantes — resultado, provavelmente, de sua inexperiência. Na virada do ano, a pedido do reitor (que apoiava o movimento), eles aceitaram desocupar o campus “para um intervalo de final de ano”. Em seguida, o reitor acabou aceitando a fusão de universidades. O movimento não teve força para ressurgir.

Boris Kagarlitsky sugere que ações semelhantes podem pipocar, em breve, em outras universidades. A partir deste mês, quando as aulas serão retomadas, as instituições atingidas pela “reforma” de Putin poderiam reagir. Ouvida pela revista, Verona Chandal, uma ativista da Universidade de São Petesburgo, concorda. Para ela, “uma atitude de protesto e a vontade de fazer algo está gradualmente aflorando entre estudantes e professores”.

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