"Primaveras" reúne mais de cem pessoas em São Paulo

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Com participação de Ricardo Abramovay e Ladislau Dowbor, debate focou crises civilizatórias. Próximos encontros tratarão de ativismo e conhecimento livre

(Da assessoria de imprensa do IDS)

Como lidar com um mundo que vive crises múltiplas? Para além da discussão, há algo para ser feito, urgentemente? Mais de cem pessoas compareceram nesta última quarta-feira, 24/10, à Matilha Cultural, na região central de São Paulo, para um bate papo informal sobre esses questionamentos com os professores Ricardo Abramovay (professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP) e Ladislau Dowbor (professor titular da pós-graduação em Economia e Administração da PUC-SP). Apesar do nome poético do encontro – “Primaveras – diálogos sobre ativismo, democracia e sustentabilidade” – havia urgência na pauta do evento mediado pela secretária executiva do IDS, Alexandra Reschke.

O mote do primeiro encontro era “Crise e Oportunidade: a dimensão política das crises civilizatórias”. E, como bem ressaltou a editora da revista Página22, Amalia Safatle, uma mudança de consciência, necessária para dar conta dessas múltiplas crises, “leva tempo”. E de tempo não dispomos. Ladislau Dowbor acredita que a reunião de pessoas sintonizadas em torno das mesmas causas acontecem no mundo todo e devem capitanear a transformação da consciência geral. Ricardo Abramovay pensa parecido – e vai além. Cita o ano de 2020 como “cabeça contra rochedo” para todos nós, em especial as corporações. As empresas não podem, e não devem, diz o economista, pensar em planos para depois dessa data.

Com o modelo de desenvolvimento em xeque, até as palavras são desafiadas. Dizer que um empresário brasileiro é “bem-sucedido” pois arranca minérios da terra? “O cara que arranca o pedaço maior tem sucesso? Isso é sucesso?”, questiona Dowbor. O desafio talvez seja acabar com as desigualdades sem pisar no acelerador, reflete Abramovay. Ele explica que a luta contra a pobreza sempre significou para os governos o tal “pisar no acelerador”: implantar mais linhas de ônibus, construir mais estações de metrô, emitir mais CO2. O fazer mais, pontua Abramovay, deve ser contrabalanceado com o menos: menos consumo de comida que causa a obesidade, menos carros poluidores transitando pelas ruas…

Na plateia, muitos se manifestam. As empresas estão fazendo pouco ou muito pela sustentabilidade? Se o agronegócio não é representativo no PIB, por que tem tanta força entre nossos representantes no Legislativo? Será que não podemos esquecer os 2 milhões para a lei de iniciativa popular e tentar vias mais rápidas, por meio de pequenos abaixo-assinados online que peçam, por exemplo, a limitação de mandatos dos políticos? Estamos cansados dos partidos, como podemos criar uma alternativa a eles?

Tanto a ser resolvido e em um tempo curto. Talvez a sintonia entre as pessoas comece a dar conta de parte das questões, concluem Dowbor e Abramovay. “A mudança cultural é lenta”, diz Dowbor. Mas o conhecimento, diferentemente dos bens materiais, circula e não é escasso. Transmitir em rede tudo o que acontece é um ativo importante e alimentar o poder local pode ser uma ferramenta poderosa. A mediadora Alexandra Reschke lembra do ato “Existe Amor em São Paulo”, realizado na praça Roosevelt no último domingo, 21/10. Pessoas de várias gerações, a maioria jovens, ocuparam um território para dizer o que desejam na cidade em que vivem –  e o que não querem. “Elas estavam ali para dividir arte, dividir ideias e se posicionar”, afirma Alexandra.

O evento, uma parceria entre Matilha Cultural, Página22, IDS, Escola de Ativismo e o site Outras Palavras foi transmitido ao vivo pela Casa Fora do Eixo (www.postv.org). Confira a programação abaixo e participe dos próximos!

2º ENCONTRO

Ativismo e Política: Distraídos Venceremos?

Convidado: Pablo Ortellado

13/11 – 3ª feira – 19h

3º ENCONTRO

Alternativas ao Direito Autoral: como garantir o conhecimento livre e a remuneração dos criadores?

Convidado: Sérgio Amadeu

13/12 – 3ª feira – 19h

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