Rússia: amarga vitória de Putin

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Eleições parlamentares mantêm partido do primeiro-ministro como maior força política, mas tiram-lhe milhões de votos e 77 cadeiras. Comunistas chegam a 19% dos votos

A imensa força que o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, exerce sobre o sistema político de seu país pode estar se desgastando rapidamente. Em eleições parlamentares realizadas ontem, o Rússia Unida, partido de Putin (e do presidente Dmitri Medvedev) manteve a maior parte dos votos (49,67%, com 95% das urnas apuradas) e das cadeiras legislativas (238, de 450). Mas os resultados são muito mais fracos que os registrados no pleito anterior, há quatro anos. Na ocasião,  o Rússia Unida teve 64% das preferências dos eleitores, e 315 cadeiras.

O eleitorado caminhou à esquerda. Os que mais se beneficiaram do recuo da agremiação de Putin foram o Partido Comunista, que chegou a 20% dos votos (contra 11,5% em 2007), o Rússia Justa, de tendência social-democrata (que atingiu 13%) e o Partido Liberal Democrático, nacionalista (12%). Já a oposição neoliberal a Putin — praticamente a única a aparecer na mídia ocidental — voltou a obter resultado medíocre. O Partido Yabloko, que a representa, obteve menos de 7% dos votos e não estará presente no Legislativo.

As primeiras análises (veja o Guardian e New York Times) apontam, como principal causa para o resultado medíocre do Rússia Unida, a fadiga política. Parte do eleitorado estaria descontente com uma década de domínio quase completo das instituições russas pelo partido. Esta sensação teria crescido nos últimos meses, desde que o próprio primeiro-ministro Putin anunciou intenção de voltar a concorrer à presidência, em eleições marcadas para março próximo. Em 2008, embora tenha deixado o posto de chefe de Estado, por não poder concorrer pela terceira vez consecutiva, Putin passou à condição de primeiro-ministro — e manteve a de homem-forte do sistema político russo.

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