Desmatamento zero ainda não é consenso

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Emenda que estabelece moratória de dez anos para novos desmatamentos na floresta espera votação definitiva no Senado. Estudantes manifestam contra o Código Florestal e a violência dos seguranças do Congresso

Por Marcos Mariani, do Preserve Amazônia

Apesar da aprovação maciça na enquete realizada no site do Senado, acima de 86% na madrugada de terça-feira (8), não houve consenso entre os senadores sobre a emenda do desmatamento zero — de autoria do senador Valdir Raupp, que estabelece uma moratória de dez anos na concessão de licenças para novos desmatamentos na região — durante a reunião conjunta das comissões de Agricultura e Reforma Agrária e Ciência e Tecnologia, que iria votar as emendas apresentadas em destaque na reunião.

O resultado parcial da enquete, que permanece no site oficial do Senado até o dia 15 de novembro, confirma diversas outras pesquisas de opinião publica realizadas anteriormente sobre a questão.

Apesar de não ter sido votada pelos integrantes da Comissão de Ciência e Tecnologia, na qual foi apresentada, o senador Raupp se comprometeu a reapresentá-la na Comissão de Meio Ambiente, presidida pelo senador Rodrigo Rollemberg, e que terá como relator da matéria o senador Jorge Viana. Antes, porém, Valdir Raupp defendeu sua proposta, chamando a atenção dos demais senadores para a oportunidade que se apresenta ao país no sentido de dar à legislação essa prerrogativa — e também para o fato de que a maioria dos produtores rurais do país não tem maiores expectativas quanto à necessidade de novos desmatamentos em suas propriedades.

Tema de relevante importância, apontado por muitos como uma prioridade na revisão do código florestal, o desmatamento zero foi alvo de campanha nacional nos anos de 2008 e 2009, quando foram recolhidas mais de um milhão e duzentas mil assinaturas em um abaixo assinado promovido pelo Movimento Amazônia para Sempre, entregues aos senadores durante a Vigília pela Amazônia, realizada no plenário da instituição em maio de 2009.

Defendido publicamente até mesmo pela senadora Katia Abreu, por ocasião da Conferência Mundial do Clima realizada em Copenhagen no final do ano passado, permanece incógnito o motivo pelo qual os senadores não assumem uma postura mais ativa quanto à proibição de novos desmatamentos na Amazônia.

Presente na reunião de hoje no Senado, Marcos Mariani, representando a Associação Preserve Amazônia, mostrou-se preocupado com o silêncio dos demais senadores quanto à questão, que deverá ser objeto de discussão já a partir desta semana, quando está prevista a realização de uma audiência pública sobre o novo código pela Comissão de Meio Ambiente. Na reunião, que acontece na sexta-feira (11), serão discutidos aspectos relativos ao impacto do código no tocante à preservação das florestas. A reunião está marcada para as 9 horas, na sala 15 da ala Alexandre Costa.

Movimento estudantil

Após o violento choque sofrido na terça-feira por um estudante durante as manifestações contrárias às mudanças no Código Florestal, em função de um disparo de arma de paralisação efetuado por um dos seguranças do Senado, o movimento estudantil retornou ao Congresso Nacional nesta quarta-feira, porém com um número ainda maior de manifestantes.

Desta vez, no entanto, não conseguiram se aproximar da sala onde eram postos em votação os destaques relativos às emendas apresentadas pelos senadores às comissões de Ciência e Tecnologia e Agricultura e Reforma Agrária. Foram barrados no corredor conhecido como “túnel do tempo”, que liga as alas dos gabinetes à plenária. O impedimento não foi suficiente para intimidar o grupo, que gritava palavras de ordem contra as reformas no Código Florestal e questionava os senadores à medida que iam deixando a sala da reunião.

Uma das ultimas a sair, Katia Abreu, líder da bancada ruralista no Senado, foi perseguida pelo grupo em seu percurso até o plenário, de aproximadamente cem metros. Os estudantes mostraram toda a sua indignação com o rumo que está sendo dado à legislação, gritando alto e em bom som com a senadora até a entrada da parlamentar na área restrita aos senadores.

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3 comentários para "Desmatamento zero ainda não é consenso"

  1. Josineide Costa Silva disse:

    Sou contra o desmatamento da amazônia, sou Brasileira quero ver meus sobrinhos ter uma vida melhor e um ar bom para eles poderem respirar agora e no futuro, digo não ao desmatamento.

  2. Agradeço ao Blog Outras Palvras pela divulgação.
    Aproveito para informar que solicitamos, junto com o Movimento Amazônia para Sempre, a realização de uma audiencia pública à comissão de Meio Ambiente para tratar especificamente do assunto.
    Esperamos que os Senadores nos concedam o direito à palavra, em nome dos milhões de brasileiros que não toleram mais o desmatamento no país.
    Enquanto isto, continuamos perdendo área de florestas equivalente a um campo de futebol, a cada minuto, somente na Amazônia.

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