Europa: sinais de um outono quente

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Espanha e Grécia vivem greves maciças. Livro debate ocupações de praças pela juventude — que lançou chama da resistência

A defesa dos direitos sociais e dos serviços públicos — um dos motes das ocupações de praça pela juventude espanhola, entre maio e junho — começou a contagiar os trabalhadores. Mais de 90 mil pessoas participaram ontem (4/10), em Madri, de uma marcha em defesa da Educação (foto), contra os cortes de verbas ordenados pelos governos nacional e local. Convocado originalmente pelos sindicatos (que iniciaram uma greve geral de três dias), o protesto foi engrossado por estudantes e se converteu na maior manifestação pelo ensino público, em vinte anos. Já na Grécia, a convocação para hoje de uma greve geral foi ampliada nas últimas horas. Soube-se que União Europeia e FMI estão cobrando do governo, para liberar uma parcela do pacote de “ajuda” financeira ao país, a supressão do salário mínimo

Também começam, informa Pep Valenzuela, nosso colaborador em Barcelona, as assembleias do M-15 (referência a 15 de maio), e Democracia Real Ya –, que articularam as mega-mobilizações da juventude na Espanha. As reuniões ainda são pequenas, diz Pep (as férias de verão terminaram há pouco); e a presença, nos movimentos, de distintas visões sobre as eleições gerais deste mês provoca certa confusão. Mas nada indica que o ímpeto do primeiro semestre tenha passado.

A este respeito, a revista virtual de Outras Palavras traz hoje uma entrevista importante. O cientista político Carlos Taibo fala de seu livro recém-lançado sobre os novos movimentos da juventude (El M-15 en sesenta preguntas). Professor titular de Ciência Política na Universidade Autônoma de Madri, Taibo (veja seu site) tem ligações com o marxismo, mas dedicou-se, nos últimos anos anos, ao exame da nova cultura política de autonomia, à busca de formas de democracia direta e à crítica do antigo desenvolvimentismo.

Envolveu-se ativamente com as ocupações de praças no primeiro semestre. Em junho, apresentou na Puerta del Sol, em Madri, uma espécie de aula-comício, intitulada “Chamam-na democracia. E não é“. Na nova obra, debate as sensibilidades políticas presentes nos acampamentos (vê, basicamente, dois grandes grupos, que no entanto não estão consolidados em correntes e escutam um ao outro). Examina sua composição social (esperando uma presença maior de trabalhadores e imigrantes). E discute seu futuro (antevendo a possibilidade de uma ação mais incisiva em assuntos públicos que vão desde a luta antipatriarcal à superação do produtivismo e à solidariedade internacional).

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Um comentario para "Europa: sinais de um outono quente"

  1. Dr. Helmut Thielen disse:

    Caro Antônio Martins,
    Sou um intelectual latino-americano de origem alemã, radicado no Brasil desde 1994, de 70 anos. Fui, entrte outros, ativista nos FSM´s em Porto Alegre. Sopu autor de 18 livros, no Brasil e na Alemanha, nas áreas filosofia social crítica, teoria e política de desenvolvimento no sul do planeta, ecologia social e paz e conflito. Atualmente, começo construir com algunas amigpos na Austria e na Argentina uma rede i8nternacional de troca de idéias e de estudo de material escolphido para grupos e pessoas com atividades social-políticas com orientação de democracia direta e anti-capitalista.
    Por isso, somos muito interesssados em adquirir este livro do Carlos Taibo. Como adquirir aqui, no Brasil?
    Tenho experiência em jornalismo por anos, na Alemanha. Quer saber se você seja interessado em analisar textos meus para uma eventual publicação.
    Abraço,
    Helmut Thielen

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