Como os EUA querem bloquear o Estado Palestino

 

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Ação diplomática, já deflagrada, tem poucas chances de êxito. Até mesmo o poder de veto de Washington é limitado

Enquanto avança a contagem regressiva para o provável reconhecimento do Estado Palestino pela ONU (a votação poderá se dar a partir de 20 de setembro), vale a pena acompanhar os esforços dos Estados Unidos para deter os ponteiros do relógio. As manobras foram descritas numa reportagem de Steven Myeres e Mark Landler, publicada pelo New York Times no sábado, 3/9. O texto sugere que as chances de sucesso de Washington são reduzidas.

Sob forte pressão interna do lobby promovido pela direita israelense, o governo norte-americano teria antecipado que vetará, no Conselho de Segurança da ONU, qualquer proposta de reconhecimento geral da independência palestina. Trata-se, contudo, de uma posição incômoda. A vitória, na Assembleia Geral, de uma resolução em favor de autonomia é dada como certa. Quanto mais vasta for a maioria, mais delicada será a situação de Washington — em especial, num momento de ampla mobilização popular no mundo árabe e de desgaste dos governos aliados aos EUA no Oriente Médio.

A diplomacia norte-americana teria duas cartas na manga — ambas de força duvidosa. Primeira: tentar convencer a Autoridade Palestina (dirigida por Mahmoud Abbas, do movimento Fatah) a desistir da votação na ONU, oferecendo-lhe alguma perespectiva de paz. Segunda: tentar reduzir ao máximo a margem de votos em favor de uma resolução pró-independência, para amenizar o desgaste de um veto. Ambas estrategias estão sendo executadas neste exato momento.

Para tentar dissuadir os palestinos, Washington mobilizou o “Quarteto” — um grupo de interlocutores formado (em 2002) pelos próprios EUA, União Europeia, Rússia e ONU, para facilitar contatos entre palestinos e israelenses. A aposta é apresentar, em curtíssimo prazo, alguma perspectiva crível de retomada nas negociações de paz. O ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, uma espécie de embaixador informal do grupo, esteve em Israel na semana passada, para sondar o governo do primeiro-ministro Benyamin Netanyahu (na foto, de outubro de 2010, com Hillary Clinton) sobre o espaço para tal gesto. Os repórteres do NYTimes, porém, são céticos. Lembram que a coalizão no poder em Tel-Aviv persegue objetivos opostos: entre eles, obter, em foros internacionais, o reconhecimento de Israel como “estado judeu” — o que afronta, além de um dos princípios das repúblicas modernas (a laicidade do Estado), a numerosa minoria árabe que vive em território israelense.

Para o “plano B” (evitar que a maioria pró-palestina seja avassaladora), os EUA dispararam, a partir de agosto, mensagens diplomáticas para mais de 70 países. Alegam que um voto de reconhecimento da independência, na ONU, seria “passo unilateral”, que provocaria desestabilização ainda maior no Oriente Médio. Mesmo esta tentativa, lembram os repórteres, tende a se esvaziar, caso Washington não formule alternativa convincente.

E mais: o próprio poder de veto dos EUA é limitado. O Conselho de Segurança não poderá, por exemplo, evitar que a Assembleia Geral da ONU eleve o status da representação palestina. Ele passaria de “entidade observadora sem direito a voto”  para “Estado observador sem direito a voto”. Esta mudança seria suficiente para que a Autoridade Palestina tenha acesso a dezenas de grupos de trabalho e convenções da ONU — podendo, inclusive, abrir processos contra Israel na Corte Penal Internacional.

Afrontados por anos “negociações de paz” meramente protelatórias, em que a arrogância de Israel somava-se à indiferença dos EUA e do “Quarteto”, os palestinos parecem cada vez mais dispostos a recorrer à ONU. “Qualquer que seja a ofereta [de Washington], agora é tarde demais, afirmou aos repórteres, de Ramallah, Nabil Shaath, um vetereno diplomata palestino.

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13 comentários para "Como os EUA querem bloquear o Estado Palestino"

  1. Ricardo Moura disse:

    Xiko Bil, que qual planeta você é? Quem está garantindo o petróleo para os USA é Israel. Israel garante a presença americana na área, juntamente com o Arabia Saudita, que assim produziu Osama e seus seguidores, bem como a Turquia que por estar entre dois continentes e ser passagem estratégica para aquela região, ainda empresta suas bases aéreas para os americanos bombardearem sem dó nem piedade quem eles achem merecedores. O ódio contra os judeus é algo que os judeus até semeiam, isso mesmo eles ensinam desde cedo às suas crianças que o mundo não gosta deles. O Estado Judeu vive da beligerância, pra eles a condição de povo oprimido e ameaçado é perfeitamente conveniente, pois com isso eles lançam mão do direito de se defenderem e assim caem com toda força militar comprada dos USA com o dinheiro que os próprios americanos dão pra eles. Este espaço merece respeito pois é o único que conheço a tratar temas como esse com total transparência e desapego às grandes mídias.

  2. Xiko Bil disse:

    Como se pode ver nestes artigos, escolhidos a dedo, o ódio contra os judeus não acabou com a morte de Hitler e seus capangas. Outros os substituiram e desempenham na perfeição o seu racista papel. No fim ganham um poço de petróleo. Oferta dos terroristas árabes, da Palestina. O bom trabalho, contra Israel, deve ser bem recompensado. Este espaço merece.

  3. Marcelo disse:

    viva os JUDEUS!!!!!!!
    os caras foram expulsos e ficaram dispersos pelo mundo
    foram escravisados
    mais de 6 milhoes mortos
    e em pouco tempo se ergueram, como uma potência
    bom na medicina, educação, militarismo
    enfim nao é p qualquer um.
    se eles fizeram tudo isso… é porque deixaram ou porque eles podem.
    a guera está entre A (arabes) e J (judeus).
    ganhará quem tiver mais poder de conquistar!!!!!!
    viva ao planeta terra!!!! viva aos homens!!!!!!

  4. Edson Souza disse:

    Alvim, Alguns pontos. Você disse que a região já era dos judeus antes dos palestinos e que foi lhes roubado no passado. Ora olhando a história da região podemos dizer o mesmo: A região já era habitada por outros povos antes dos judeus e os judeus roubaram a região dos povos anteriores, fenicios, filisteus, etc. Então o fato dos judeus ter sido expulso da região pelos romanos ou quem quer que seja não é motivo para apoiar repressão, perseguição ou qualquer crime que se possa imaginar contar qualquer pessoa. Dê uma olhada na wikipédia. Por outro lado, Israel merece viver, mas o povo palestino também. Direitos humanos existem para TODOS. Quem é perseguido merece proteção. Os palestinos usam o terrorismo? E os judeus já usaram também contra as autoridades coloniais quando buscavam sua independência. E usam hoje quando bombardeiam escolas, hospitais e bairros civis. É triste ver um povo que foi tão perseguido e execreda sendo tão bom em perseguir e execrar outro povo… que não tem como se defender. De qualquer modo, se você deseja permanecer com essa viSão de mundo vinda diretamente do tempo das cruzadas, é um direito seu. Eu espero que a paz possa reinar para estes povos judeus e palestinos. Paz para todos com justiça para todos também.

  5. Rogerio Alvim disse:

    Para alguns que acima se entitularam sabios na historia, a tera é dos judeus desde a retirada do povo hebreu da terra do egito, em 70 depois de cristo os israelenses (judeus ou hebreus), foram mortos e expulsos por Tito de Jerusalem, ao se fazer justiça com este povo em 1948, quando foi devolvido apenas 18% das terras que nunca foram palestinas, Egito, Jordania, entre outros aliados árabes, querendo mais uma vez aniquilar os israelenses, tomaram uma surra inexplicável perante os olhos do mundo, ou seja, Israel esperou quase 1900 anos p ter suas terras de volta, qundo as teve, os árabes intervém com espada…só é possivel paz com quem quer paz e, finalizando…os árabes não querem paz, querem escravizar e impor o alcorão p os povos da terra, de longe admitem a liberdade religiosa..merecem o não reconhecimento…mas penso que são seres humanos como todo e qualquer povo do mundo, apenas deveria parar de querer estar com a razão religiosa…Israel merece viver e viverá p sempre…

  6. Zenia Chaves disse:

    Olha, o comentário da Dida realmente resume tudo que penso sobre esse assunto. Os países ocidentais que dividiram o mundo depois da Segunda Guerra terão uma chance em breve, na ONU, para reparar a injustiça com os palestinos (quando tomaram suas terras) e parar (ou pelo menos tentar) o genocídio daquele povo pelos arrogantes dirigentes israelenses e seus aliados norte-americanos. Resta saber como os EUA irão reagir a perda do seu mais expressivo aliado na região, depois do Egito.

  7. Pedro Renato disse:

    Até que enfim alguém que pensa com clareza. Muito lúcido.

  8. AFFONSO CELSO M. DE PAULA disse:

    SE A IGNORÂNCIA É TÃO GRANDE, COMO PROPÕE, PORQUE V.SA. NÃO NOS AJUDA COM SUA SABEDORIA MEDIANTE UM COMENTÁRIO DE ONDE DEMONSTRE SUA COMPETÊNCIA EM ANÁLISE SOBRE A SITUAÇÃO DOS PALESTINOS?

  9. Dida disse:

    Eu não saberia dizer qual a solução para Israel e Palestina, mas penso que um estado binacional é impossível e perpetuaria a mesma situação de dominância sionista. Mas a chave deste conflito é que os judeus se instalaram na Palestina que os acolheu e, seguindo o traiçoeiro plano sionista, expropriaram (=roubaram), assassinaram e destruiram o povo e as propriedades palestinas. Israel é o invasor! O correto (e justo) seria a retirada dos israelenses da região e a devolução de tudo aos palestinos. Como isso não é mais possível, o reconhecimento do Estado Palestino é o mínimo que o mundo ocidental pode fazer, visto serem estes países ocidentais os responsáveis pela atual situação. Leio muito sobre este assunto, mas não vejo quase ninguém dizer que aquele lugar pertence à Palestina, que tudo lhes foi discaradamente roubado e que, se não houvesse os israelenses, já seria Estado a muito tempo.
    É uma pena, mas, sem generalizar o povo israelense, com o holocausto judeu, os sionistas aprenderam muito bem como humilhar e quase exterminar um povo. Só espero que não aconteça o mesmo com os Palestinos.
    Em tempo, muitos judeus, israelenses ou não, abominam as práticas israelenses contra o povo palestino.
    Um homem que acredite em Deus não apóia, muito menos executa, tais atrocidades. Grande parte da mídia ocidental, implicita ou explícitamente, as apóia ao referir-se à resistência palestina como terrorista. As fotografias e filmes são de estarrecer e levar às lágrimas o mais duro dos corações. Não vê quem não quer. Chega de acreditar no que nos dizem na TV.

  10. Nuno disse:

    Depois de ler os tres comentários fico espantado com tanta ignorância. Pobres palestinianos!

  11. José Alberto de Barrps Freitas disse:

    As respostas estão na história. Logo após o fim da segunda guerra a convulsão social direcionou os judeus para à região da Palestina e se acirraram os conflitos. Melhor armados e ajudados pelo movimento sionista dos países vencedores, passaram a hostilizar quem não era judeu. Não que os palestinos sejam melhores, mas estavam lá, e foram desalojados, perseguidos. A poitica de Isarel é inadmissivel e apenas perpetua o conflito. Os EEUU apoiam porque precisam manter alí um Estado-tampão, diante do mundo Àrabe. Tudo pelo petróleo. As recentes rebeliões no Egito, Libia, etc., acenderam o alerta na Turqia, outro enclave dos EEUU. A tendencia, veja-se bem, é uma unificação do mundo do Islã, derramando-se, inclusive, pelas suas fronteiras. Os paises ocidentais que por séculos roubaram e vilipendiaram o Oriente Médio, notadamente a Inglaterra, França e Italia, tentam, agora e desesperadamente, perpetuar a tática de dividir para reinar, lançando irmãos árabes uns contra os outros. Tarefa agora inútil.
    Alberto Freitas.

  12. Souza disse:

    Prezado, vc falou mas não disse muita coisa, fala em paz entre os dois lados mas não aponta caminhos, a mesma tática usada a anos pela direita, aliás não só a direita israelense, que até hoje só levou os palestinos a sofrimento e desesperança, dando argumentos e alimentando o radicalismo. Quais são as fronteiras? É discutível mas os palestinos já se conformaram em receber de volta os territórios tomados em 1967. Estão sendo pragmáticos.
    Se ambos concordam que o outro lado existe (e a ANP tem essa postura) a solução são dois Estados, embora, pessoalmente, eu gostaria de ver a solução, quase utópica de um Estado binacional. Desejo também que a paz reine na região. Algum dia.

  13. marcio kramer disse:

    Muito bem,sera declarado o estado palestino.já tarde…ha de se reconhecer,mas e daí?
    O que de fato mudará?Quais serão suas fronteiras?Quais serão seus compromissos?
    Esta (novamente)tardia declaração trara algum beneficio a alguem?quem?
    Será que ao invez desta bravataria barata não seria o caso de os palestinos se conformarem que Israel existe e existira e os israelenses se conformarem que os palestinos existem e existirão?
    Com a partir deste presuposto o mundo poderia de fato ajudar na construção do mapa do caminho(do entendimento).No mais éso bavata que interessa somente aos radicais dos dois lados…pena,mas é so bravata
    shalom,salam e paz

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